quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Universos

As pessoas geralmente crescem tendo como o seu universo a escola. Com seus amigos, colegas, inimigos e tudo mais. A sensação que se tem é que aquilo ai durar para sempre. Mas um dia acaba. De um dia para o outro você passa de estudante de ensino médio a nivel técnico para mais um na lista dos desempregados procurando por uma oportunidade de emprego. Essa é apenas uma das mudanças. Sua rotina não existe mais. Seus amigos acabam se distanciando. Seu tédio aumenta. Isso choca. Demora até que tudo volte aos eixos. Surge a sua nova rotina. Seus novos universos. Hoje eu possuo quatro universos. Quatro universos diferentes, quatro Bruno's diferentes.
Um deles é o trabalho. O Bruno viciado em internet, o carinha do escritório, o bonzinho que cumprimenta todos os peões. O conversadeiro contador de causos. Meu maior universo. Minha maior solidão. Fico muito só. Logo eu que sempre amei ter muita gente em volta de mim.
Há também um oasis na minha vida. No meio de toda essa turbulência, existe um lugar onde eu me sinto seguro, feliz, realizado. Espero ansiosamente o dia inteiro a hora de ir para a escola. É como se eu trancasse todos os problemas dentro do meu guarda-roupa e saisse sem nem lembrar que eles existem. Lá eu encontro a minha paz. Lá eu sou o Bruno Pereira da Silva. O legítimo. Aquele que é amigo, fiel. Aquele que ama dar risada, falar idiotices, cantar, brincar. Aquele carente por um abraço e que sempre está a procura de alguem pra abraçar. É lá que planejo minha vida profissional, me imaginando um dia numa multinacional fazendo o que eu gosto. Lá tenho meus amigos, os mais achegados no momentos. Os mais preocupados, os mais cabeças, os mais desmiolados, mas os mais amigos. Aqueles que te dão aquela força. Aqueles que nem imaginam a merda que ta a sua vida, mas que dão aquele oi mais animado possível: Oii gatinho, e a partir dai seu dia simplesmente fica perfeito.
Em casa eu sempre fui o paparicado, o bonzinho, o certinho, o estudioso, o filho querido, o bom com o próximo, o esforçado, o atencioso, e por ai vai. Fui, não sou mais. Hoje sou o rebelde, desviado, apático, chato, mal-humorado, preguiçoso, relaxado. Não acredito que eu realmente seja assim. O bonzinho um dia se toca, é claro. Um dia você se questiona se realmente vale a pena viver o que os outros acham certo. Mas me esforço. Me esforço para fazer tudo certinho. Acho que continuo sendo aquele garotinho que não ia a lugar nenhum sem que sua mão fosse junto. Continuo sendo o filho que ama a mãe acima de tudo, e que sofre quando ela chora. Continuo sendo o filho que não vê o pai como um herói. Vejo como alguém com defeitos e qualidades. É o cara que luta pra não deixar faltar nada na vida dos filhos, que os ama acima de tudo. Mas que as vezes não consegue controlar os seus impulsos. Ainda sou aquele irmão que gosta de estar com seu irmão. Que briga, mas que abraça. Que deita na cama e fica falando bobagens. Que senta na mesa e planeja o futuro. Aqueles que viajam juntos e faz tudo ser inesquecível. Acima de tudo, acho que eu ainda sou aquele que se sente a pessoa mais feliz do mundo quando vai no mercado com as pessoas que mais ama: O pai, a mãe e o irmão.
Um ultimo universo é a rodinha de amigos. Aquele que sai pra se divertir. Aquele que não deixa ninguém em paz, o atentado, o carinhoso, o pegajoso. Aquele que faz de tudo pra noite ser a melhor possível. Aquele que leva os amigos para lugares que ele não sabe chegar. Aquele que se sente satisfeito passeando no bosque ou comendo lanche numa pracinha. Mas talvez foi onde ocorreram as piores consequencias das minhas mudanças.
Enfim, sou um só. Um que muda, que volta, que vai embora, que vive, que vegeta, mas que acima de tudo, ama.

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