sábado, 25 de setembro de 2021

Oh, paz

 Tudo está bem. Sim, está. Eu não preciso ficar me repetindo isso o tempo todo. Está sim, tenho certeza. É claro que está. Será? Será que paz e estar feliz são realmente a mesma coisa? Eu acordo, repasso as tarefas do dia e não há nada com o que me preocupar. Não há nada fora do lugar. Não há nenhum medo. Já tem algum tempo, meses ou até anos, que as coisas estão devidamente em seu lugar. Será que é esse o problema? A falta de alguma-coisa-que-não-sei-o-nome? Penso que falta energia. Não a física. A energia em forma uma fagulha ou uma explosão. Poucas coisas são boas quando mornas. Talvez somente o banho. Café precisa ser quente. Comida precisa ser quente, e a cama também. Água gelada para beber. Um suco. Mas morno? Morno não é bom. A vida não deve ser morna, muito menos os relacionamentos. Eu sinto falta de um cuidado. A minha vida inteira disse que gostava de ser cuidado, e agora me vejo no papel oposto. Eu queria cuidado, colo, aconchego, cheiro. Queria sentir que alguém se preocupa comigo. Alguém que quisesse sempre dar bom dia e boa noite. Queria ganhar um chocolate quando alguém vai até a esquina e volta. Será que todos os relacionamentos caem na rotina, ou será somente o meu? Não é falta de amor, nem vontade de ficar junto. É a falta de cuidado. De um pouco mais de atenção. Ou será que sou eu quem demanda demais uma coisa que não é natural? O problema, se é que existe um problema, está em mim? Eu queria ser mais comunicativo, mais aberto. Ao invés de insistir que tudo está em paz.

Cadê a energia?

 Será que ainda sei escrever? Digo, será que ainda sei traduzir em letras e frases a confusão que se passa não unha cabeça com uma média-frequência? A vida anda tão corrida que eu quase não tenho mais tempo de me olhar e me reconhecer como antes. Já faz tanto tempo que minha maior preocupação era um garoto. Ser adulto é bom. Mas sinto falta de uma energia. Não é sempre. Mas não é tão raro. E hoje estou sentindo.