segunda-feira, 1 de junho de 2009

Finais de Semana

"... me diga como você pode viver indo embora sem se despedaçar, por favor me diga agora..." Não Vá Ainda - Zélia Duncan

Tenho tentado manter uma distância segura de você. Por mais que nos primeiros dias sentia falta dos seus olhos e do teu hálito ao falar comigo, o vazio foi sendo preenchido. Faço o possível para compensar a tua ausência em outras pessoas. Digamos que eu estava indo relativamente bem. Mas os fins de semana têm sido a minha derrota. Não pelo fato de estar longe de você nem por eu ter certeza que você está com alguém, mas por causa das noites. Nas noites, perdido nos meus pensamentos e enrolado no cobertor. É ali que minha mente vagueia. Entra na sua casa, acaricia teu rosto, ouve tua voz. E naquele momento de êxtase, começo a sonhar. Literalmente. Se o meu senso de tempo estiver correto, já foram cinco sonhos diferentes. Apenas aos fins de semana. Mas esse último me fez flutuar. Por algum motivo que o meu inconsciente julgou por bem não revelar, estávamos deitados num mesmo colchão, dividindo cobertores diferentes. A temperatura daquela noite não interessa. Quem estava por perto também não. Mas você encostou tua mão na minha, por baixo do travesseiro. Aquele toque leve, sutil, certo. Pela primeira vez você me tocou, por vontade própria, com a mão macia. Senti aquele toque por um tempo que mais me pareceu a eternidade, até que você parece ter encontrado em mim o que você desejava, e me beijou. Poderia jurar que era real. Me lembro de ter te sentido de verdade. Senti novamente o teu hálito que a tanto me fazia sofrer. Senti finalmente o teu gosto, seu calor. Você parecia tão brando, sereno, carinhoso. Quando eu acordei, me senti oco como das outras vezes. Me senti retirado da minha história. Uma sensação de inutilidade insuportável. E tive que sobreviver por mais um final de semana. Eu pensei que estava firme, convicto e certo da minha decisão. Agora não sei mais. A minha vontade é te abraçar, implorar por um sorriso, pedir que você me note. Perguntar sobre seus dias, ouvir tua respiração. Mas eu não me deixo iludir por muito tempo. Eu sei que fui eu quem inventou você. Eu te inventei pra mim. Essa pessoa que eu conheço só existe aqui dentro. Talvez você não seja nada daquilo que eu preciso, que eu sonho, que eu desejo. Mas isso não me faz deixar de te querer nem um minuto sequer...

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